Ao Povo de Volta Redonda
Por três eleições consecutivas, o povo de Volta Redonda me deu a honra de ser sua representante no Legislativo Municipal. Estes quase dez anos de mandato reforçaram as minhas convicções de que o Parlamento é um órgão colegiado, formado por membros que representam a diversidade da nossa sociedade.
Seja na minha atuação profissional como médica, minhas atividades de cunho social ou na minha passagem pela Secretaria Municipal de Saúde, sempre prezei pela transparência.
Logo após as eleições de 2008, percebemos um movimento que poderia causar uma grande divisão entre os vereadores por conta da eleição da Mesa Diretora.
Por entender que esta situação de “racha” na Câmara Municipal era prejudicial ao povo de Volta Redonda, buscamos o entendimento. Numa solução de consenso foram eleitas quatro mesas diretoras para os quatro anos de legislatura.
Escolhida para ser a primeira presidente, durante o ano de 2009, fiz uma gestão focada no “Colegiado”. As decisões sempre foram tomadas após os demais parlamentares serem ouvidos. Chamamos a população para dentro da sua Casa e passamos a realizar reuniões mensais com associações de moradores e entidades de classe.
O lançamento da TV Câmara deu à população da cidade mais uma ferramenta para acompanhar os trabalhos legislativos e fiscalizar os parlamentares. O novo site também nasceu com esta proposta de promover a interatividade com a população.
Hoje, vivemos uma situação em que o presidente da Câmara toma decisões sem consultar os demais vereadores, nem mesmo os membros da Mesa Diretora. Não aceito e não posso compactuar com situações como o término do convênio com o Camp, que há anos permite que jovens da nossa cidade tenham na Câmara Municipal a possibilidade de adquirem experiência profissional.
Durante o ano de 2009, fizemos a redivisão dos gabinetes para que todos os vereadores tivessem a mesma condição de trabalho, distribuímos de forma democrática os carros, os telefones. Esta forma de conduzir à Câmara foi acertada por todos os parlamentares.
Agora, todavia, mesmo em atitudes corriqueiras, o presidente mostra que perdeu o caminho ao, por exemplo, se recusar a sequer emprestar o plenário para a realização de eventos da comunidade. Foi o que vez ao negar o empréstimo do plenário para seis turmas do Curso Técnico em Meio Ambiente.
Além disso, o presidente fez insinuações levianas sobre a condução da Câmara no ano de 2009. Por conta disso, solicitarei a abertura de processo administrativo para que sejam apuradas estas denúncias para que os responsáveis sejam punidos, e, caso contrário, abra-se processo contra os caluniadores.
Portanto, decidi que, em respeito ao povo de Volta Redonda e em especial àqueles que me elegeram vereadora, a única opção que me restou, após diversas tentativas de alertar o presidente sobre o risco da sua conduta, foi deixar o cargo de primeira-secretária.
É uma questão de incompatibilidade de idéia e de gestão. Do plenário, continuarei cumprindo as minhas obrigações de fiscalizar e defender os interesses do povo de Volta Redonda, lutando pela transparência e pela democracia, como sempre fiz ao longo da minha vida política, profissional e pessoal.
Neuza Maria Ferreira Jordão
Vereadora e Cidadã de Volta Redonda
Volta Redonda
Neuza e América Tereza renunciam
As discordâncias com relação à atuação do vereador Luís Cláudio da Silva, o Soró (DEM) na presidência da Câmara Municipal de Volta Redonda causaram hoje duas baixas na Mesa Diretora: a primeira secretária, Neuza Jordão (PV) e a segunda, América Tereza (PMDB) oficializaram suas renúncias aos cargos. Neuza havia entregado anteontem sua carta de renúncia, mas, como o protocolo da Câmara já estava fechado, a data oficial é de hoje, ao meio-dia, o horário do inicio do expediente. As duas parlamentares disseram que discordam da forma como Soró vem conduzindo a administração da Câmara.
Depois de uma longa reunião a portas fechadas, com Soró e todos os vereadores, na tarde de ontem, a sessão da Câmara acabou não sendo realizada por falta de quorum, embora, na hora do início da sessão, só a vereadora Neuza Jordão estivesse ausente da Câmara. Apenas Soró, Edson Quinto (PR), Walmir Vítor (PT) e Jair Nogueira (PV) estavam no plenário quando Soró pediu verificação de quorum pela primeira vez. Cinco minutos depois, o presidente da Casa pediu nova checagem do número de vereadores no plenário, e encerrou a sessão por falta de quorum, já que só Toninho Orestes (PMDB) havia entrado no plenário.
As decisões de Soró que causaram descontentamento entre parte dos vereadores foram o fim do convênio com a Casa de Auxílio ao Menos Patrulheiro (Camp) e a assinatura de um contrato com a Caixa Econômica Federal para que o banco administre os salários dos servidores do legislativo e os subsídios dos vereadores.
Mas outros planos de Soró, como a substituição da frota da Câmara por carros alugados, também preocuparam os vereadores. "Se trocarmos a frota da Câmara por carros alugados, o valor pago a cada mês vai suficiente para comprar um carro zero quilômetro", calcula América Tereza.
Depois da sessão, Soró negou ter "conhecimento oficial" das renúncias de Neuza e América Tereza, e negou também uma informação, dada por América Tereza e por outro parlamentar, que preferiu não se identificar, de que o contrato com a Caixa Econômica Federal seria cancelado. Os parlamentares disseram que Soró teria afirmado isso durante a reunião: "É tudo boato. Não tem nada oficial", disse Soró, antes de deixar o plenário.
América Tereza afirmou que discorda da atitude de Soró ao não dar conhecimento prévio aos vereadores das medidas que pretende tomar e não discutir com os colegas da Mesa Diretora as decisões sobre a administração da Casa: "Nós não somos informados. Licitações são feitas sem consultar a Mesa Diretora. Como fazer parte dessa Mesa? Como vou dar explicações ao eleitor que me perguntar na rua sobre a administração da Câmara? Vou dizer que não sei? Não posso compactuar com essa atitude", disse ela.
A vereadora disse ainda que os gabinetes passam por dificuldades, com falta de material de expediente, como papel e cartuchos para impressoras. E Soró, quando é questionado sobre alguma medida que pretende tomar na Câmara, diria aos vereadores que "é segredo".
- Acabou o colegiado, quando todos discutiam o que seria feito. Tive uma disputa política com a Neuza (a vereadora Neuza Jordão, do PV) pela presidência da Câmara, no ano passado. Mas quando tudo passou, acabou, e passamos o ano todo em harmonia, discutindo o que iria ser feito na direção da Câmara. As questões pessoais não importam. Não estou aqui para ser amiga dele (do presidente da Câmara) mas para trabalhar - declarou a vereadora.