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sábado, 12 de agosto de 2017

Dia dos Pais: o desafio de criar os filhos após morte de suas mulheres

Homens que passaram por esse tipo de situação contam que a responsabilidade de criar e educar as crianças é redobrada

Fábio Luis e sua filha Vitória

Sul Fluminense – Aos 33 anos, o operador Fábio Luís Fonseca viu a maior responsabilidade de sua vida surgir com a morte da esposa, em março deste ano: criar e cuidar da filha Vitória, que na época tinha apenas sete meses. Assim como ele, muitos homens também são obrigados, por circunstâncias da vida, a terem que assumir o papel de pai e mãe por conta da perda da companheira. Na edição deste domingo, quando se comemora o Dia dos Pais, o DIÁRIO DO VBALE conta um pouco da história e rotina desses “super heróis”, que têm como base e principal apoio os familiares.
De acordo com Fábio, ter que lidar com a morte da esposa foi muito doloroso, principalmente porque isso ocorreu meses após ela conseguir concretizar seu maior sonho, que era o de ser mãe. Conforme ele recorda, a esposa já havia sofrido dois abortos, sendo um com sete meses de gestação e, somente depois de um tratamento, conseguiu levar a gravidez até o fim. De acordo com Fábio, o sonho da mulher em ter um filho era tão grande que ela ficava a maior parte do tempo com a pequena Vitória em seu colo. A mulher dele morreu aos 34 anos por complicações no sistema digestivo.
– Minha esposa foi uma pessoa muito importante na minha vida, faz muita falta, mas o objetivo que ela tinha aqui na terra ela cumpriu, que foi ter a nossa filha, que é tão amada por todos, para que eu cuidasse e desse todo o amor do mundo. Hoje a minha responsabilidade com a Vitória é ainda maior e, com ajuda da minha família e da família da minha esposa, eu pretendo cuidar, educar, não deixar faltar carinho e amar muito a minha filha. Essa é a forma que eu tenho para amenizar a ausência da mãe dela – disse o operador, ao ressaltar que o significado de pai passou a ter um peso ainda maior na sua vida, nos últimos meses.
O caminhoneiro Ronaldo Oliveira dos Santos, de 49 anos, perdeu a primeira esposa há 11 anos, em função de problemas de saúde. Na época, o casal tinha dois filhos, sendo uma menina de cinco anos e um menino de apenas dois anos e meio. Ele conta que, no momento que soube da perda da mulher, viu-se desesperado com a realidade de ter duas crianças pequenas para cuidar sozinho.
– Quando você se casa a expectativa é de ter uma família completa: com pai, mãe e filhos, futuramente netos e por aí vai. Mas, infelizmente, a vida pega a gente de surpresa. Quando minha esposa morreu, eu fiquei muito fragilizado pela perda, mas, ainda mais pelo sofrimento dos meus filhos, que eram muito pequenos e não sabiam lidar com a morte. E foi por eles que busquei forças para que pudesse criá-los, educá-los e o mais importante: não deixar faltar em nenhum momento amor e carinho para os dois – conta Ronaldo.
Hoje, casado pela segunda vez, ele tem a admiração não só dos filhos biológicos, mas também dos enteados, já que sua atual mulher também possui um casal que mora com eles. De acordo com o caminhoneiro, por meio da perda ele acabou aprendendo ser uma pessoa mais humana, amorosa e, com isso, o sentimento de paternidade também foi adotado pelos filhos da sua atual mulher.
– Para mim é como se todos fossem meus filhos. Trato com o mesmo carinho e sempre que posso estou ajudando. Minha esposa e os filhos dela foram abandonados e as crianças não sabem o paradeiro do pai. Quando a conheci e resolvemos morar juntos eu decidi que iria amá-los como se fossem meus, e que me esforçaria para suprir a ausência que eles tinham dos pais. O mesmo aconteceu com a minha mulher, que também me deu forças e ajudou a criar os meus – conta ele, ao ressaltar que, após a morte da mãe de seus filhos, por durante quatro anos foi sua mãe quem o ajudou a criar as crianças.


Dor transformada em amor
O mecânico Valter Martins, de 42 anos, perdeu a mulher em um acidente de carro, do qual apenas ele e um de seus dois filhos sobreviveram. Em um misto de emoções, ele conta que, na época, chegou a lamentar o fato de todos não terem morrido no acidente, já que pensava que dessa forma seu sofrimento teria sido evitado. Hoje, porém, ele se diz conformado com a situação e que a tragédia acabou se transformando em um amor ainda mais incondicional pelo filho, de 12 anos.
– Não somos capazes de entender os planos de Deus em nossas vidas. Me ver sem um dos meus filhos e sem a minha esposa foi o pior momento da minha vida. Mas o tempo foi responsável em colocar tudo no lugar e com a ajuda de amigos e da família, eu fui tomando consciência da responsabilidade que me foi deixada, que é criar o meu filho. e assim eu tenho feito. Nós dois juntamos forças para lidar com a saudade e uma coisa é certa: nosso amor, um pelo outro, foi infinitamente multiplicado – disse o mecânico.

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